O Homem do Futuro

Coloque fartas porções de “De Volta Para o Futuro”, misture com “Efeito Borboleta”, adicione um roteiro inteligente e você tem um vislumbre de “O Homem do Futuro”. Com essas claras referências em mente, o diretor Cláudio Torres de “Redentor” conta a história do cientista João interpretado por Wagner Moura. Moura, aliás, parece ter se acostumado a interpretar papéis de adolescente e contar Legião Urbana, qual qual fez em “VIP’s”.

João é um cientista que parece ser patrocinado pela indústria do tabaco, já que no primeiro ato inteiro ele não tira o cigarro da boca. Fato este completamente esquecido logo depois (alusão ao tabagismo sempre é ponto negativo). Sem querer ele inventa uma máquina do tempo que o transporta para 1991 numa festa de sua universidade onde ele, na época, fora humilhado publicamente pela sua paixão de faculdade (a delícia Alinne Moraes de “Os Normais 2”). Disposto a mudar o futuro, ele altera o ‘continuum’ do espaço tempo (como diria Doc Brown) para que seu duplo mais jovem não sofra mais essa humilhação e fique bem com a namorada, além de revelar segredos da bolsa de valores que o deixariam milionário (alguém lembrou de “De Volta para o Futuro 2”?) acabando com seus problemas. Entretanto, ele acaba desencadeando uma realidade alternativa pior do que imaginara.

Quem diria que a Globo Filmes iria realizar uma produção que finalmente saísse do formato novelesco tão prejudicial ao cinema. Com uma verba de 7 milhões e muita competência, Torres e seu diretor de fotografia Ricardo Della Rosa conseguem enquadramentos que, apesar de meio burocráticos, aproximam-se muito mais do primeiro mundo em cinema, dando uma dinâmica pouco vista no mercado brasileiro, inclusive com discretos, porém muito eficientes efeitos especiais.

Mas o que eleva “O Homem do Futuro” à categoria de obrigatório é a trinca roteiro – elenco – trilha incidental. O roteiro, diga-se de passagem, mesmo bebendo na fonte de tantas produções (algumas já citadas aqui) constrói-se de maneira consistente, fechando quase todas as pontas rumo a um terceiro ato excelente e corajoso com uma singela reviravolta que deve agradar à massa.

Moura como sempre comanda o elenco com diversos tipos de atuações primorosas de acordo com o “João” que interpreta em determinada época. Alinne Moraes não precisa fazer muita coisa, mas ainda assim contribui de forma bastante positiva principalmente a partir do seu segundo ato. Destaque para o humorista Fernando Ceylão como melhor amigo de João.

Agora muito se deve a uma excelente escolha da trilha incidental que pode até fazer chorar, indo de Legião Urbana, passando por INXS, R.E.M. e indo até a sensacional Creep do Radiohead. “O Homem do Futuro” parece ter uma trama comum para padrões americanos, porém todos os seus elementos técnicos e narrativos estão numa sintonia tão perfeita com a história carismática que coloca a obra como uma das comédias românticas definitivas de 2011. Imperdível.

Ficha Técnica

Elenco:
Wagner Moura
Alinne Moraes
Maria Luísa Mendonça
Gregório Duvivier
Fernando Ceylão
Gabriel Braga Nunes
Rodolfo Bottino

Direção:
Cláudio Torres

Produção:
Tatiana Quintella
Cláudio Torres

Fotografia:
Ricardo Della Rosa

Trilha Sonora:
Luca Raele
Maurício Tagliari

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