O Nascimento de Uma Nação (“The Birth of a Nation”)

Baseado em fatos reais, o filme mostra sobre a realidade do tratamento dos negros na época da escravidão nos EUA (o ano é 1831), principalmente no sul, região com maior índice de racismo até hoje.

Foi escrito, produzido, dirigido e estrelado por Nate Parker de “Amigos Para a Vida” que faz o papel de Nat, um dos poucos negros que aprendeu a ler e acaba virando pastor cuja principal função é amansar os corações de seus colegas escravos diante da violência sofrida por eles pelos seus senhores brancos. Até o dia em que ele não aguenta mais e resolve organizar uma revolta.

O segundo ato é o melhor, pois mostra a crescente indignação do protagonista, frente as barbáries dos fazendeiros e a maneira como ele enfoca sem nenhum glamour é chocante. Inclusive desde o início é interessante ver a dinâmica que existe entre negros e brancos e como Nat foi aparentemente agraciado com um brando dono, interpretado muito bem por Armie Hammer de “Atentado ao Hotel Taj Mahal”, mas que depois se revela parecido com os demais frente às suas próprias adversidades. Falando em atuações, Nate Parker está ótimo como escravo e pregador e merecia pelo menos algumas indicações a prêmios.

Talvez o ponto de melhoria seja no último ato que começou muito bem, mas passa a impressão de que em algum ponto o diretor teve pressa e acelerou o passo, fazendo com que o clímax fosse entregue sem a devida construção, mesmo que com algumas cenas fortes e muito bem coreografadas.

Outro ponto aparentemente desnecessário, cujo tempo gasto poderia ter sido usado justamente para um melhor desenvolvimento do clímax foi o elemento místico que permeia o roteiro, principalmente no início e no final.

O Nascimento de Uma Nação” é um retrato quase chocante de um passado condenável, muito bem dirigido e atuado, que nos lembra sempre do quanto ainda precisamos melhorar como sociedade.

Curiosidades:

– O título “O Nascimento de Uma Nação” foi propositalmente igual ao do filme racista de 1915 de D.W. Griffith que seria então usado correntemente como propaganda pró Klu Klux Klan. Parte desse filme racista é mostrado no filme de Spike Lee “Infiltrado na Klan
Nate Parker investiu cerca de cem mil dólares do seu próprio bolso no filme e começou a escrever o roteiro 5 anos antes da produção propriamente dita. Infelizmente foi um fracasso de bilheteria nos EUA e mais abaixo você vai descobrir o motivo
– Armie Hammer colocou uma prótese dentária para fazer seu personagem parecer mais interiorano.
– O set das plantações foi o mesmo usado no premiado “Forrest Gump”.
– Nas escrituras reais de Nat Turner, ele nunca menciona ter tido uma esposa, ao contrário do que mostra o filme. Há correntes que dizem que seu senhor o casou com uma outra escrava a contragosto, mas que ele não a reconhecia como esposa. No filme, sua esposa é o gatilho que provoca a rebelião. Já nas escrituras, o próprio Nat diz que foram suas visões espirituais que mostraram o caminho da rebelião, o qual, nesse caso, é corretamente mostrado no filme.
– Gabrielle Union de “Crimes na Madrugada” faz uma personagem que é estuprada no filme e a atriz também já foi estuprada na vida real. Pra piorar, após o lançamento do filme, o diretor / ator Nate Parker foi acusado de estupro ocorrido em 1999. Em 2012 a suposta vítima de Nate se suicidou de depressão. Gabrielle Union ficou consternada quando soube e escrever uma carta aberta dizendo que jamais trabalharia com Nate Parker de novo e que apoiaria o boicote ao próprio filme que estrelou.

Ficha Técnica

Elenco:
Nate Parker
Armie Hammer
Penelope Ann Miller
Jackie Earle Haley
Gabrielle Union
Mark Boone Junior
Colman Domingo
Aunjanue Ellis
Dwight Henry
Aja Naomi King
Esther Scott
Roger Guenveur Smith
Tony Espinosa
Jayson Warner Smith
Jason Stuart

Direção:
Nate Parker

Produção:
Jason Michael Berman
Aaron L. Gilbert
Preston L. Holmes
Nate Parker
Kevin Turen

Fotografia:
Elliot Davis

Trilha Sonora:
Henry Jackman

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