Onde Vivem os Monstros (“Where the Wild Things Are”, EUA, 2009)

Há filmes que passam fortes mensagens. Entretanto às vezes elas estão tão diluídas na essência da produção que o espectador pode não querer se esforçar pra captá-la.

O ótimo ator mirim Max Records (“Vigaristas“) é uma criança de uma família de pais separados que mora com a mãe (Catherine Keener de “O Solista“) e passa por uma daquelas crises infantis onde se acha o homem da casa, quer ser o centro das atenções e se ressente da mãe começar a namorar. Sempre muito intenso, numa das visitas do namorado (Mark Ruffalo de “Redes do Crime” numa ponta de segundos), ele faz uma grande bagunça, desrespeita a mãe e ao ser repreendido, foge de casa, pegando um barquinho e navega até uma ilha com enormes criaturas. Elas fazem amizade com Max e o tornam seu rei. E é aí que ele vai descobrir que ser responsável por várias pessoas gerenciando suas emoções e egos é uma tarefa tão árdua quanto a de ser mãe ou de ser filho.

Em quesitos técnicos, a obra é uma verdadeira fábula. Sem apelar para efeitos especiais de ponta, mas de forma tão discreta que o espectador nem percebe (afinal o custo foi de R$ 80 milhões). O grande destaque vai para os bonecos animatronics, cujas expressões faciais são perfeitas e muitas vezes chegam a emocionar mais do que atores de carne e osso. A trilha sonora de Carter Burwell e Karen Orzolek (“Um Sonho Possível“) é apaixonante e faz uma diferença soberba.

Mas o principal, é claro, fica por conta da história contada por Spike Jonze, o qual consegue dirigir longas brilhantes como “Quero Ser John Malkovich” e participar de comédias besteiróis como “Jackass“. A tal mensagem profunda de “Onde Vivem os Monstros” – e aqui não estamos falando de nenhuma surpresa – é que claramente toda a aventura do protagonista se passa em sua imaginação. Todos os monstros não passam de partes de sua própria personalidade: Carol é aquele sempre preso à figura materna, no caso vivenciado pelo monstro KW e sente ciúme das corujas amigas que seriam relacionadas à figura do namorado; Judith como aquela nunca satisfeita por mais que os outros empreguem esforços pra agradá-la; Alexander como aquele que nunca é escutado, entre outros. Todos interpretados por vozes de grandes atores como Chris Cooper (“Nova York Eu Te Amo“), Forest Whitaker (“Ponto de Partida“), James Gandolfini (“Família Soprano“) só pra citar alguns. A grande sacada é que em momento algum é dito pelo roteiro é que isso está apenas na cabeça de Max.

E é justamente ver o confronto do garoto com suas próprias facetas internas é que torna a obra tão bela e significativa, mesmo que nem todos percebam sua intensidade. Chega a ser quase um tratado de terapia infantil para adultos. Pra sair emocionado.

[rating:4]


Ficha Técnica

Elenco:
Max Records
Catherine Keener
Lauren Ambrose
Catherine O’Hara
Tom Noonan
Forest Whitaker
James Gandolfini
Paul Dano
Chris Cooper
Michael Berry Jr.
Pepita Emmerichs
Mark Ruffalo

Direção:
Spike Jonze

Produção:
John B. Carls
Gary Goetzman
Tom Hanks
Vincent Landay
Maurice Sendak

Fotografia:
Lance Acord

Trilha Sonora:
Carter Burwell
Karen Orzolek

ELENCO

DIREÇÃO

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