Pastoral Americana (“American Pastoral”)

Ewan McGregor de “Os Últimos Dias no Deserto” faz uma boa estréia como diretor na adaptação do livro homônimo de Philip Roth.

Apesar de escocês na vida real, McGregor é o americano Swede, um promissor atleta que, no início dos anos 60 vive o sonho americano ao casar com a Miss do colégio Dawn (a realmente linda Jennifer Connelly de “Noé”) e tem uma linda filha. Mal o casal sabia que ela seria a sua ruína quando cresce com um transtorno psicológico inicialmente traduzido numa gagueira, mas que a leva – na pele de Dakota Fanning de “A Vida em Motéis” – a se juntar a perigosos movimentos pelos direitos humanos e acaba fugitiva e suspeita de um atentado a bomba.

O que o roteiro coloca diante do espectador e o diretor equaciona muito bem é como a distância engana nossas perspectivas depois de um tempo, como mostra o personagem de David Strathairn (“O Exótico Hotel Marigold 2”) que perfaz o ater ego do público, escutando atônito a história de seu ídolo de infância cuja carreira parecia ser indestrutível; e como a criação de uma filha é delicada onde pequenos atos podem ser a diferença entre a felicidade ou a degradação total de uma relação.

McGregor sabe construir as rachaduras na relação pai – filha – mãe com o devido cuidado, sem pressa e confia no seu taco tanto como diretor quanto como ator, onde seu personagem, bem como a de Connelly tem uma complexidade tal que todas as suas reações, por mais que se discorde, são críveis. Tanto que ele faz algo que poucos filmes fazem com tanta honestidade: questiona-se das suas ações. Há uma cena emblemática em que Swede pergunta a um agente federal “Desde quando você acha que eu venho errando?” no que o policial responde “Essa é uma pergunta que o senhor mesmo tem que responder”.

Nada daria certo, entretanto, se a filha Merry não funcionasse na trama. E esse foi mais um grande acerto: interpretada por três atrizes diferentes em seu crescimento – sendo Dakota Fanning na fase final – Merry vai se tornando um risco à sua própria felicidade quando vê que não pode ser o ideal que ela pensa que seus pais esperam, transformando esse sentimento negativo em desdém e daí em revolta para minar a família de uma forma irreparável.

E para criar o clima da melhor forma possível, o mestre Alexandre Desplat (“Zulu“) compõe uma trilha que parece rasgar a carne da platéia combinado com o calibre dramático na tela.

Mesmo num ritmo mais lento do que a média “Pastoral Americano” choca positivamente em vários momentos, como uma tragédia em três atos que subverte os valores familiares em prol de um drama pesado e certeiro. Recomendado!

Ficha Técnica

Elenco:
Ewan McGregor
Jennifer Connelly
Dakota Fanning
Peter Riegert
Rupert Evans
Uzo Aduba
Molly Parker
Valorie Curry
Hannah Nordberg
Julia Silverman
Mark Hildreth
Samantha Mathis
David Strathairn
Ocean James
David Whalen

Direção:
Ewan McGregor

Produção:
Andre Lamal
Gary Lucchesi
Tom Rosenberg

Fotografia:
Martin Ruhe

Trilha Sonora:
Alexandre Desplat

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