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É muito mais que um romance numa realidade distópica, mas uma contundente crítica à nossa sociedade, principalmente quando se percebe o quão próxima essa distopia está de nós.
Após uma suposta Terceira Guerra Mundial, uma pequena nova sociedade nasceu onde seus governantes acreditam que suprimir as emoções é a chave para a paz e o desenvolvimento. Eles (que nunca aparecem) até fizeram todos acreditar que as emoções são uma doença que chamaram de SOS, então desde o nascimento, as crianças são criadas com um forte senso de estabilidade emocional.
Nicholas Hoult de “Tolkien” é Silas, um designer que conhece Nia (Kristen Stewart de “As Panteras”) e se apaixona por ela. Só que como ele nunca experimentou sentimentos, o fato de se apaixonar – coisa que ele nem sabe o que é a princípio – causa um caos na vida dele, enquanto tenta esconder dos demais para não acharem que ele está doente. As coisas se complicam quando Silas descobre que Nia também gosta dele.
O diretor Drake Doremus que já é acostumado a fazer filmes sobre romances conturbados como “Paixão Inocente” e “Loucamente Apaixonados” consegue levar suas duas principais trama em paralelo e, mais que isso, numa simbiose onde uma alimenta a desenvolve a outra.
O belo romance contra todos os ditames daquela sociedade tem um arco emocional muito bem desenvolvido passando da não emoção para o amor numa transição suave onde a dupla de protagonistas consegue evoluir naturalmente mostrando uma química certeira.
A trama que critica a sociedade é mais atual que nunca: cada vez mais vivemos num mundo onde precisamos esconder ou transfigurar sentimentos ou emoções em prol de prioridades que nos colocam como necessárias – por exemplo: trabalho, etiqueta, o que os outros vão pensar – e por isso estamos com uma pandemia global de distúrbios emocionais e psicológicos como depressão, transtorno de ansiedade e síndrome do pânico. E tudo isso é retratado com exatidão dentro do conceito da realidade da obra.
Tecnicamente talvez a melhor sacada é o jogo de cores que o diretor de fotografia John Guleserian de “Com Amor, Simon” faz onde o azul sempre é a ausência de sentimentos e o vermelho é a presença deles e como as duas cores lutam em cena para serem predominantes.
Com um desfecho que foge do lugar comum de forma muito inteligente, “Quando Te Conheci” é um belíssimo romance que se posiciona como protesto dentro de uma sociedade repressiva que praticamente vislumbra o que já começou a acontecer.
Curiosidades:
– Exercício comum em filmes de romance, a dupla de protagonista passa um tempo junto para se conhecer melhor nos bastidores. Hoult e Stewart fizeram algo inusitado: foram andar de skate de madrugada. Só que Hoult caiu e fraturou o braço tão feio que teve que usar uma atadura para cobrir a cicatriz que ficou em várias de suas cenas.
– O diretor queria exatamente Hoult e Stewart para os papéis principais. Se apenas um deles aceitasse, ele não aceitaria o outro e partiria para outro casal.
– Há uma cena em que Nia lê algo para Silas, mas o espectador não consegue escutar. É um poema que a própria Kristen Stewart escreveu.
Ficha Técnica
Elenco:
Nicholas Hoult
Kristen Stewart
Guy Pearce
Jacki Weaver
Scott Lawrence
Kate Lyn Sheil
Rebecca Hazlewood
Yu Hwan Park
Bel Powley
David Selby
Aurora Perrineau
Nathan Parker
Tom Stokes
Direção:
Drake Doremus
Produção:
Chip Diggins
Michael A. Pruss
Ann Ruark
Michael Schaefer
Jay Stern
Fotografia:
John Guleserian
Trilha Sonora:
Apparat
Dustin O’Halloran
