Querido Evan Hansen (“Dear Evan Hansen”)

Vamos começar dizendo que Ben Platt o cantor, ator de teatro e que também dá as caras no cinema (participou, entre outros, da trilogia “A Escolha Perfeita”), é uma força da natureza. Não é a toa que ele também protagoniza a peça original da Broadway que deu origem a essa adaptação.

Ele é o Evan Hansen do título, um jovem de 17 anos que tem depressão profunda e até mesmo deve estar orbitando por algum espectro de autismo. Sem amigos, ele vê sua vida mudar completamente quando, por conta de um mal entendido envolvendo uma carta que ele escreve para ele mesmo como parte de sua terapia, ela é confundida com um bilhete de suicídio de um outro colega de classe que acabara de tirar sua vida. Acham que ele era um grande amigo do falecido, tornando-o famoso e fazendo-o carregar a responsabilidade recriar as memórias do pseudo amigo para a família e aqueles que querem apoiar a causa da ajuda a quem tem problemas de depressão.

Há um detalhe nisso tudo: o filme é um musical. Mesmo para quem tem preconceito contra musical, é uma ótima oportunidade, pois o que eles fizeram com a história é sensacional. Não há músicas conhecidas, mas o diretor Stephen Chbosky do excelente “Extraordinário” adaptou os textos de teatro para as músicas, fazendo com que elas façam parte dos diálogos ou monólogos de forma tão fluida que é como não houvesse nenhum hiato narrativo. Pelo contrário: a música não só continua a história como ilustra e emociona.

Melhor ainda é que as músicas são cantadas com o mínimo de autotune (recurso eletrônico para ajustar a voz) e praticamente todas foram feitas na hora da filmagem sem pós produção. Ou seja, o elenco teve que treinar para ter o mínimo de verossimilhança, já que os sons do ambiente, bem como os suspiros, respirações e outras reações de quem canta e dos coadjuvantes da cena também aparecem, o que faz ser um musical incomum e realista sem em nenhum momento tirar a magia do gênero. E olha que temos atrizes de peso como Julianne Moore “Gloria Bell” e Amy Adams de “Liga da Justiça”.

Tudo isso para Ben Platt é fichinha: além de interpretar com maestria esse jovem problemático – repare sua postura e mãos – sua voz sai com uma facilidade tremenda. Chega a ser surpreendente como ele consegue cantar e ao mesmo tempo fazer expressões de dor e agonia que um autista e depressivo tem junto com sua postura sempre arqueada como se protegendo do mundo.

O desfecho consegue ser realista e edificante, além de não ter artifícios emocionais, contando somente com o simples desenrolar dos eventos.

Querido Evan Hansen” merecia pelo menos ser citado em indicações, pois além de belas canções e lindas performances (sem precisar de coreografias mirabolantes), trata de um assunto cada vez mais relevante (distúrbios psicológicos em pessoas cada vez mais jovens) e desenvolve sua história com muito carisma. Recomendadíssimo.

Curiosidades:

– Ao contrário da peça teatral, para o cinema Ben Platt emagreceu quase 10kg para parecer com um jovem de 17 anos. Na realidade ele tinha 27 anos no momento das filmagens.
– Muito se reclamou na produção do filme sobre nepotismo, pois o pai de Ben Platt é um dos produtores.
– Duas músicas da peça foram cortadas para o filme, porém aparecem em versões instrumentais em algumas cenas.
– É claro que o figurino do filme segue o mesmo da peça, mas os tênis são exatamente os mesmos que Platt usa no teatro.
– O namorado de Platt “na vida real” participa como figurante na peça, mas não está no filme.
– Quando Evan olha para a lista de livros preferidos de Connor (o garoto que se suicidou), dentre eles está “As Vantagens de ser Invisível”, o qual foi escrito e dirigido por Stephen Chbosky.
– Ben Platt (Evan) e Colton Ryan (Connor) são os únicos artistas da peça que fazem os mesmos personagens na adaptação cinematográfica.

Ficha Técnica

Elenco:
Ben Platt
Julianne Moore
Kaitlyn Dever
Amy Adams
Danny Pino
Amandla Stenberg
Colton Ryan
Nik Dodani
DeMarius Copes
Liz Kate
Zoey Luna
Isaac Powell
Marvin Leon
Hadiya Eshé
Julia Chen Myers
Gerald Caesar
Avery Bederman
Swift Rice
Tommy Kane

Direção:
Stephen Chbosky

Produção:
Marc Platt
Adam Siegel

Fotografia:
Brandon Trost

Trilha Sonora:
Benj Pasek
Justin Paul
Dan Romer

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