Samba

Samba como o ritmo”, diz o personagem de Omar Sy (“Inferno”) ao se apresentar, já que seu nome tão peculiar e estrangeiro ilustra exatamente a sua situação, já que, apesar de Samba ser um ritmo brasileiro, o protagonista é senegalês em situação irregular na França e, como muitos, é pego pela polícia e vai para a imigração francesa decidir seu destino. Lá ele é atendido por Alice (Charlotte Gainsbourg de “Ninfomaníaca”), que também está deslocada de seu habitat, mas dessa vez de cunho interno, pois sua mente não combina com aquele ambiente. Daí surge uma peculiar relação onde a combinação dos personagens é tão importante quanto seus destinos individuais.

Por que “Samba”, mais que um romance, mostra a dura realidade dos imigrantes de várias partes do mundo que vão à França para tentar uma vida melhor, mas sempre acabam em subempregos ganhando miséria e com receio constante de ser pego pela polícia sem os documentos de visto de trabalho. Se o contexto não é só relevante como rico em conteúdo – como o personagem árabe que se passa por brasileiro porque “são mais bem aceitos” – o romance entre Samba e Alice é diferenciado porque ao contrário da maioria dos exemplares do gênero, eles são pessoas que não necessariamente merecem um final feliz: Samba tem um senso moral bastante questionável, chegando a trair um amigo sem justa causa e tentando se aproveitar de Alice na primeira chance que ela dá. Já Alice tem problemas que se revelam ao longo do filme e, apesar de mais digna, também tem uma complexidade que não a coloca como mocinha.

Por outro lado, o roteiro bate diversas vezes no mesmo tema, esticando o filme e os diretores Olivier Nakache e Eric Toledano – do sensacional “Intocáveis” – rebolam pra não saturar o espectador, o que se mostra uma tarefa bem difícil. Há uma pequena, interessante, mas bem previsível reviravolta no final, mas daí parece que os realizadores quiseram correr, ficando difícil de se surpreender, pois o filme não deixa nem dar tempo para absorvermos os últimos eventos.

Destaque para a trilha sonora de Ludovico Einaudi (também de “Os Intocáveis” – aliás praticamente toda a equipe veio de lá) com acordes ambientes e uma seleção de músicas de altíssimo nível com destaque para uma das melhores cenas da produção que fica ao som de Palco de Gilberto Gil que, por si só, já valeria o ingresso.

Samba” poderia ser mais comercial e agradar a gregos e troianos, mas envereda para um caminho mais contemplativo, mas com um ótimo desenvolvimento de personagens e saindo do lugar comum. Já são bons motivos pra arriscar.

Ficha Técnica

Elenco:
Omar Sy
Charlotte Gainsbourg
Tahar Rahim
Izïa Higelin
Issaka Sawadogo
Hélène Vincent
Youngar Fall
Christiane Millet
Jacqueline Jehanneuf
Liya Kebede
Sabine Pakora

Direção:
Olivier Nakache
Eric Toledano

Produção:
Nicolas Duval Adassovsky
Laurent Zeitoun
Yann Zenou

Fotografia:
Stéphane Fontaine

Trilha Sonora:
Ludovico Einaudi

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