Sr. Sherlock Holmes (“Mr. Holmes”)

Não importa qual das franquias você queira pegar, seja a série televisiva com Benedict Cumberbatch ou na cinematográfica com o também Tony Stark, nosso querido Robert Downey Jr., tudo poderia acabar como esse belo drama mostra. Quem diria que depois de Gandalf e Magneto, Sir Ian McKellen iria interpretar nos seus quase 80 anos mais um personagem icônico.

Ele é Sherlock Holmes já em seus 93 anos de idade, aposentado e isolado numa casa cuidando de suas abelhas, com a insatisfeita governanta Sra. Munro (“Detalhes”) e seu filhos Roger. Já com a senilidade avançada, Holmes tenta consertar seu derradeiro erro ao recontar sobre seu último caso que ocorreu há 30 anos e ainda no fim da vida, aprender que muitas vezes as emoções humanas fogem da sua lógica.

O diretor Bill Condon de “O Quinto Poder” dá a McKellen a liberdade para desempenhar brilhantemente o papel do detetive e muitas vezes subvertendo mitos já entranhados na cabeça do espectador. Sua interpretação é emocionante ao ponto de incitar uma sadia discussão sobre como a velhice infelizmente consegue deteriorar até as mentes mais brilhantes, mas ao mesmo tempo, como o ser humano é capaz de superar suas próprias limitações ou suas culpas do passado. E o garoto Roger interpretado pelo sensacional Milo Parker se torna o contraponto perfeito do protagonista.

Tanto diretor e roteiro conseguem fluir suas 3 linhas narrativas – o presente, a viagem ao Japão e o último caso de Holmes – de forma orgânica e provê o suspense necessário sem desvirtuar o drama como essência da obra. A fotografia de Tobias A. Schliessler (parceiro de Condon em “O Quinto Poder”) é um colírio conciliando uma beleza singular tanto nas tomadas externas com sua bela escolha de paisagens quanto nas urbanas, provocando não só o acento britânico típico dos livros de Holmes, como inserindo detalhes que compartilham as histórias com o público. E não se pode deixar de citar a consonante trilha de Carter Burwell (“Anomalisa”) que acompanha os passos do protagonista sempre num tom solene, mas discreto.

Sr. Sherlock Holmes” é um tratado sobre a idade e sobre redenção; um drama muito bem apresentado e representado; o delicioso fim de uma saga que ainda pode se tornar um novo começo.

Curiosidades:

– O Sherlock Holmes que aparece na projeção de cinema na sequencia em que o protagonista vê a si mesmo num filme é interpretado por Nicholas Rowe que interpretou o próprio Holmes no clássico de Steven Spielberg “O Enigma da Pirâmide” de 1985. Pode se dizer em termos cinematográficos que “O Enigma da Pirâmide” mostra como tudo começou e “Sr. Sherlock Holmes” como tudo terminou.

– Olha essa salada: “O Enigma da Pirâmide” é narrado pelo próprio Watson. O ator que faz essa narração também interpretou Gandalf de “O Senhor dos Anéis” num filme televisivo pela BBC. E como todos sabemos Sir Ian McKellen é o Gandalf da versão cinematogrática. Que por sinal contracena com o (mais) jovem Bilbo Bolseiro Martin Freeman na trilogia “O Hobbit”. E Freeman é ninguém menos que o caríssimo Watson na série de TV “Sherlock”, onde o protagonista é o Holmes interpretado por Benedict Cumberbatch que também é o dragão Smaulg em “O Hobbit“.

Ficha Técnica

Elenco:
Ian McKellen
Laura Linney
Milo Parker
Hiroyuki Sanada
Hattie Morahan
Patrick Kennedy
Roger Allam
Philip Davis
Frances de la Tour

Direção:
Bill Condon

Produção:
Iain Canning
Anne Carey
Emile Sherman

Fotografia:
Tobias A. Schliessler

Trilha Sonora:
Carter Burwell

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