Star Wars: O Despertar da Força (“Star Wars: The Force Awakens”)

Há exatos 38, “Star Wars” iria definir a cultura pop para sempre, como um filme que quase não fora feito devido a problemas financeiros, mas que se lançou como uma força devastadora contando a história de Luke Skywalker, Han Solo, Princesa Leia e não menos importante, o maior vilão das galáxias, Darth Vader. Também determinou um modelo de negócios que tornou seu criador, George Lucas milionário: licenciamento de produtos (brinquedos, jogos, etc) para as massas. Outro modelo que quase não sai por na época ser desacritado.

Contra tudo e contra todos, o universo de Star Wars já acumulava seis longas metragens que se tornaram o grande arco de história de Darth Vader e como ele sim foi o responsável pelo equilíbrio da Força, além de séries animadas, jogos de videogame, livros, revistas com expansão do universo do filme e muitos outros. Então não é a toa que a expectativa para essa nova trilogia, começando pelo “O Despertar da Força” é tão aguardada. Principalmente porque George Lucas passou o bastão para ninguém menos que J.J. Abrams cujo toque de midas ressuscitou séries famosas como “Missão Impossível” e “Star Trek”. O resultado não poderia ter sido melhor, pois preserva a essência da história de Lucas, mas muda praticamente toda a sua execução.

Luke Skywalker desaparece e a República que o tinha como o baluarte da justiça e equilíbrio da Força passa a sofrer as investidas da Primeira Ordem: restos do Império que se organizou sob o comando do General Hux (Domhnall Gleeson de “Frank”) e o misterioso vilão Kylo Ren (Adam Driver de “Enquanto Somos Jovens”). Ambos são comandados pelo enigmático Snoke (Andy Serkis de “Planeta dos Macacos”, fazendo mais uma performance capturada digitalmente). Assim, a Primeira Ordem e a Resistência – comandada pela agora General Leia – estão a procura de Luke, cuja localização está nas mãos de um droide que sem querer cai nas mãos da jovem Rey (a britânica lindinha e quase estreante na telona, Daisy Ridley).

Então é isso: uma nova geração de personagens encontra com a nossa amada geração que deu origem a tudo, resultando numa experiência riquíssima nos aspectos narrativos, técnicos, mas em especial, emocionais. Ver que a essência dos personagens de Leia, Solo, Chewbacca, C3-PO, R2-D2 continuam a mesma é inenarrável. Melhor ainda se olharmos para os novos personagens, os quais tiveram um casting acertadíssimo (ao contrário da trilogia anterior), tanto para os vilões quando para os heróis. O destaque nesse aspecto vai para o desconhecido John Boyega do sensacional “Ataque ao Prédio”, como um Stormtrooper que cria um senso de consciência e acaba se rebelando contra seus superiores. Sua atuação consegue ser visceral, singela e bem humorada ao mesmo tempo, além de ser um dos personagens que mais emocionam pelo seu arco de história.

Talvez a maior mudança que o diretor J.J. Abrams fez foi tirar a pirotecnia de mundos fantásticos e de lutas quase circenses cheas de cambalhotas e trazer o universo mais para algo que conhecemos. Reparem que os planetas tem sempre elementos, digamos, terráqueos, como mares, florestas, montanhas, desertos (Jakku parece com Tatooine) e cidades. Todas as lutas parecem ser mais reais, incluindo a derradeira, que praticamente finaliza como uma homenagem ao “Episódio III”.

Já na parte do roteiro, o grande conflito familiar que fora o motor propulsor das outras trilogias, continua aqui com o mesmo peso ou ainda maior. Dá pra entender que a intenção é reunir todos os conflitos dos filmes antecessores – mestre e aprendiz; pai e filho; e mais alguns outros – nessa nova trilogia. E se para alguns, pode ser uma repetição, na verdade, o roteiro mantém a tônica de seu arco e ainda familiariza o espectador com esses conflitos e os revisita sob um ângulo diferente.

A trilha de John Williams continua impecável e os efeitos especiais misturam o que há de mais moderno com efeitos mecânicos da década de 70 para dar à nova produção a mesma textura dos filmes passados, de acordo com o próprio diretor.

Assim, “Star Wars: O Despertar da Força” e mais um marco pop com personagens complexos, ação fulminante e sem frescuras como Jar Jar Binks ou Ewoks que infantilizavam a narrativa. É história de gente grande para todas as idades. Imperdível.

Curiosidades:

– No primeiro script de Star Wars de 1977 o nome completo de Luke seria Luke Starkiller ao invés do que foi aprovado, Luke Skywalker. Em “O Despertar da Força”, a nova arma da Primeira Ordem se chama “Star Killer”.
– Também no primeiro script de Star Wars de 1977 o desenho de R2-D2 era o que é hoje o BB-8. Mas naquela época não havia tecnologia para tal e portanto teve que ser mudado.
– Cortaram uma cena em que, no deserto de Jakku aparecia o esqueleto de Jar Jar Binks.
– A idéia original de Star Wars em 1977 é que a série sempre tivesse 9 episódios, o que apenas agora se concretiza.
– O James Bond Daniel Craig faz o papel de um Stormtrooper que está no mesmo ambiente que Rey e trava bem humorado um diálogo com ela em determinado momento. Ele é fã da série.
– Outro fã da série é Simon Pegg que também tem um pequeno papel: o catador de lixo que aprisiona BB-8.
– Não é coincidência que o uniforme do General Hux é o modelo usado pelos generais nazistas.

Ficha Técnica

Elenco:
Harrison Ford
Mark Hamill
Carrie Fisher
Adam Driver
Daisy Ridley
John Boyega
Oscar Isaac
Lupita Nyong’o
Andy Serkis
Domhnall Gleeson
Anthony Daniels
Max von Sydow
Peter Mayhew
Gwendoline Christie

Direção:
J.J. Abrams

Produção:
J.J. Abrams
Bryan Burk
Kathleen Kennedy

Fotografia:
Daniel Mindel

Trilha Sonora:
John Williams

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