Quando a gente pensa que existem infindáveis mistérios debaixo d’água, surge o maior de todos os enigmas: como a industria cinematográfica deixou um filme tão ruim como esse ser exibido num cinema e como ainda tiveram a pachorra de fazê-lo em 3D para cobrar mais caro? Desde quando o ex-dublê nos anos 80 que passou diretor David R. Ellis atualmente e fez as fracos “Asylum” e “Premonição 4” tem tanto prestígio assim em Hollywood?
O caso é que jovens inexpressivos passam o feriado na casa do lago de uma das garotas e lá são atacados por tubarões colocados propositalmente pela população local. A palhaçada começa por um roteiro tão picareta que empurra o elenco inteiro na água sem a menor razão ou qualquer lógica, transformando seus personagens em perfeitos débeis mentais. O roteirista comete o crime de colocar um personagem que perdeu um braço pro tubarão estar morrendo num momento, depois se transformar num guerreiro ninja e depois voltar ao estado de quase morte. As motivações dos vilões são pífias e insultam a inteligência de qualquer espectador, como se o público fosse acreditar que as pessoas morreriam sem despertar suspeitas das autoridades.
Pior são os tubarões que além de mal feitos num misto de robôs animatrônicos com criaturas em CGI colocadas em cena de forma que beira o desleixo, ainda tem habilidades nunca antes vistas: imaginem um tubarão branco saltar como um peixe voador pra pegar a sua presa. Mas nada se compara ao cachorro Sherman. Ele é uma mistura de Rambo com Chuck Norris e Bruce Lee. Ele é jogado num lado cheio de tubarões e horas depois aparece magicamente com a arma que pode matar os peixes assassinos entregando na mão do improvável herói. E mais: ainda ajuda a carregar a mocinha na água segurando a sua mão. Provavelmente no tempo em que Sherman ficou a deriva, deve ter matado todos os outros tubarões, só restando o último, o qual entregou de bandeja, para que um ser humano possa matá-lo e assim a nossa raça não passar vexame. Sherman definitivamente é o cara!
Alguém pode dizer (sem ter visto o filme) que esta crítica está pegando pesado num filme que deveria ser trash. Exato: deveria. Infelizmente o diretor não deixa para os fãs do gênero, quase nenhuma cena com violência gráfica, fazendo apenas com que os personagens sejam simplesmente engolidos pelas bestas marinhas sem deixar nenhum vestígio, com raríssimas exceções e, ainda assim, nada criativas. Aliás Ellis comete tantas cabeçadas técnicas que é difícil citar só uma. Pra começar basta ver a cena da explosão do tanque de gasolina no primeiro ato e constatar no final que ele se reconstituiu como num passe de mágica. Ou quando Sherman pula da água para o barco completamente seco. Mas talvez Sherman tenha algum poder mutante de X-Dog.
Só há um único destaque positivo: a escolha da trilha sonora na primeira meia hora, quando tudo é festa para os jovens. Músicas com uma ótima vibe e dignas de uma coletânea para viagem. Mas o ideal é comprar o CD e passar longe do cinema. “Terror na Água 3D” é um terror no pior sentido da palavra.
Ficha Técnica
Elenco:
Sara Paxton
Dustin Milligan
Chris Carmack
Katharina McPhee
Chris Zylka
Alyssa Diaz
Joel David Moore
Sinqua Walls
Joshua Leonard
Jimmy Lee Jr.
Damon Lipari
Christine Quinn
Donal Logue
Tyler Bryan
Direção:
David R. Ellis
Produção:
Chris Briggs
Mike Fleiss
Lynette Howell
Fotografia:
Gary Capo
Trilha Sonora:
Graeme Revell
