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Raúl vive no Chile no fim da década de 70 e é fascinado pelo personagem Tony Manero de “Os Embalos de Sábado a Noite” interpretado por John Travolta. Ele vai participar de um concurso televisivo para ver quem interpreta melhor o dançarino. Até aí, tudo bem… poderia ser apenas um drama comum, não fosse um pequeno detalhe: Raúl tem traços de um psicopata. Isso se revela na chocante cena logo após ajudar uma senhora que acabou de ser assaltada.
Filmado sempre com câmera na mão, lembra muito a técnica de “O Lutador“, porém também ressalta as características perturbadoras e os distúrbios do personagem. A ausência de sentimento de culpa e até mesmo sua impunidade (que em certos momentos enfraquece um pouco o roteiro) são impressionantes, bem como algumas cenas fortes de violência e até de sexo.
Passado na época da ditadura de Pinochet, “Tony Manero” também faz uma severa crítica ao regime mesmo sem se desvirtuar da trama principal, elevando a produção a um patamar mais profundo politicamente e, de certa forma, fazendo uma analogia da personalidade de Raul às atrocidades do governo Pinochet. O elenco é controverso, já que a maioria dos coadjuvantes e, principalmente Alfredo Castro (Raúl) mostram pessoas apáticas, quase vivendo num mundo alternativo. Ao mesmo tempo em que pode saturar o espectador, também intriga, pois os tornam ainda mais enigmáticos.
Um dos defeitos do filme é tentar se alongar com longas tomadas das caminhadas do nosso anti-herói, as quais poderiam ser facilmente editadas, economizando, no mínimo 15 minutos de projeção e ainda assim ter o mesmo efeito. “Tony Manero” é um filme para poucos, por ser um dos mais estranhos dos últimos meses, mas também traz uma aura de impacto que pode impressionar os desavisados.
[rating:3]
Ficha Técnica
Elenco:
Alfredo Castro
Paola Lattus
Héctor Morales
Amparo Noguera
Elsa Poblete
Direção:
Pablo Larrain
Produção:
Juan de Dios Larraín
Fotografia:
Sergio Armstrong
