Um Homem de Sorte (“The Lucky One”)

Nicholas Sparks escreve seus livros como bandas de pagode e sertanejo criam suas letras: pega quatro ou cinco elementos típicos do gênero e a combinação destes resulta em vários livros que falam basicamente sobre a mesma coisa. Hollywood foi inteligente quando adaptou seus três primeiros e melhores livros, “Uma Carta de Amor”, “Um Amor para Recordar” e “Diário de uma Paixão”, este último seu grande sucesso. Mas ambos – estúdio e escritor – foram gananciosos em banalizar o assunto. E com amor não se brinca. Tudo o que veio depois deixou muito a desejar. E “Um Homem de Sorte” não fez diferente.

Os elementos com os quais ele sempre flerta: guerra, lugares bucólicos e afastados e um ex-namorado chato, tudo isso está presente nessa nova empreitada. Zac Efron interpreta Logan (não é o “Wolverine” por favor), o jovem perfeito de sempre, aliás como se fosse o próprio alter ego do que fez em “A Morte e Vida de Charlie St, Cloud”. De volta da Guerra do Iraque ele anda pelos EUA (sim, anda) atrás da dona da foto achada no meio da guerra que salvou a sua vida. Em cinco minutos de filme ele acha a não tão linda Beth (Taylor Schilling conhecida nos EUA pela série televisiva “Mercy”). Por razões que só o escritor e o roteirista do filme conseguiriam explicar, ele não consegue dizer o porque está lá, mas se voluntaria para trabalhar pra ela. É óbvio o que vai acontecer. É lógico que ela tem um ex-namorado que vai criar problemas. E é mais previsível ainda que num dado momento a foto vai vir à tona antes que ele possa contar (e não faltaram chances).

Os personagens não podiam ser mais caricatos. Além de uma inexpressividade comparável ao Cigano Igor da novela Explode Coração, ainda temos que aguentar o ex-namorado interpretado por um desconhecido Jay R. Ferguson que parece fazer uma versão séria do vilão Biff Tannen da trilogia “De Volta Para o Futuro”, só que péssimo. Quem se salva é a serena Blythe Danner de “Entrando Numa Fria” como a avó de Beth e parece que a único com senso de ridículo.

A plateia será obrigada a ver ainda uma cena de sexo com ambos os atores vestidos, mostrando o conceito bastante equivocado que os americanos tem de sexo com segurança. A única roupagem que deu a “Um Homem de Sorte” uma chance de escapar de uma produção B para ser exibida nos cinemas (fora o frustrado apelo de Zac Efron) é a belíssima trilha de Mark Isham (“Winter – O Golfinho”). Aliás, o diretor Scott Hicks (“Sem Reservas”) apostou tanto na trilha sonora que a gente não sabe se está vendo um drama ou um musical já que entra uma faixa nova a cada dez minutos. Nem precisa comprar o CD.

A adaptação cinematográfica do sétimo livro de Nicholas Sparks cai, ou melhor, despenca em todos os lugares comuns. Os mais sensíveis podem até cair no choro, mas de modo geral, o filme é de cair no sono.

Ficha Técnica

Elenco:
Zac Efron
Taylor Schilling
Blythe Danner
Riley Thomas Stewart
Jay R. Ferguson
Adam LeFevre
Robert Hayes
Joe Chrest
Russell Durham Comegys

Direção:
Scott Hicks

Produção:
Denise Di Novi
Kevin McCormick

Fotografia:
Alar Kivilo

Trilha Sonora:
Mark Isham
Hal Lindes

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