Um Homem Entre Gigantes (“Concussion”)

Esse filme foi a causa que parte da comunidade negra de Hollywood boicotou o Oscar. Eles acreditavam que a obra havia sido deixada de lado por conta de um racismo enraizado nos donos de estúdio que há dois anos não indicava um negro para melhor ator e até mesmo pleiteavam uma indicação para melhor filme. Apontavam até mesmo “Perdido em Marte” como algo dispensável para concorrer ao Oscar de melhor filme e Matt Damon como impensável para concorrer ao prêmio de melhor ator. Deixando a questão do racismo de lado, as perguntas que ficam são:

1. Será que “Um Homem Entre Gigantes” poderia concorrer a melhor filme no lugar de “Perdido em Marte”?
2. E Will Smith poderia ter concorrido a melhor ator no lugar de Matt Damon?

A resposta da segunda pergunta é mais fácil: é um grandioso sim. O personagem de Smith não só foi muito bem interpretado como tem muito mais relevância que o personagem deixado em Marte de Damon. Ele interpreta com maestria – inclusive no sotaque sul-africano – o Dr. Omalu, residente de um necrotério nos EUA que tem uma maneira peculiar de fazer autopsia o que desagrada os invejosos. Ele recebe então um ex-jogador de futebol americano que morreu aparentemente de infarto e, depois de muitos testes, descobre que o que o levou àquela condição foi uma disfunção cognitiva impossível de realizar numa autópsia normal. Doença essa ainda não catalogada nos anais médicos e decorrente dos constantes impactos na cabeça durante os vilentos jogos. Ao fazer esse anúncio, ele mexe diretamente com a NFL (National Football League), detentora do esporte nos EUA e que movimenta bilhões, visto que uma revelação dessa monta poderia arruinar o futuro de um dos esportes mais amados da América do Norte. Então a NFL faz de tudo para desacreditar Omalu e fazê-lo cair em desgraça.

Responder a primeira pergunta é um pouco mais delicado. “Um Homem Entre Gigantes” poderia sim substituir “Perdido em Marte” na corrida ao Oscar, apesar de ambos serem igualmente ótimos. Entretanto a produção de Will Smith tem um conteúdo mais afim àquilo que Academia procura premiar, tanto em gênero (drama) quanto em relevância (baseado numa história real).

Por outro lado, o filme apresenta alguns problemas claros. O maior deles posso chamar de síndrome de querer ir para o Oscar. Isto é, ele foi tão meticulosamente feito para concorrer a prêmios que insere cenas desnecessárias e apelativas (erro cometido também em outro filme de Smith ignorado pela academia, “Sete Vidas”). Mesmo que todas essas cenas contenham uma mensagem, fica claro que são apenas momentos expositivos para empurrar Will Smith para o Oscar, como a cena em que ele quebra uma parede ou um diálogo água com açúcar com sua esposa perto de uma ponte.

O diretor Peter Landesman coloca Smith na dose certa sem estrelismos e tem uma poderosa mão para guiar atores, principalmente aqueles já experientes como David Morse (“Amaldiçoado”) que está deliciosamente irreconhecível na pele de um problemático ex jogador. Mesmo com um roteiro um pouco burocrático

Um Homem Entre Gigantes” talvez se configure numa das muitas injustiças da Academia. Não que devesse ganhar alguma coisa, mas pelo menos ser indicado. Pode ter sido um erro, mas já tivemos maiores. É ótimo e já está de bom tamanho.

Ficha Técnica

Elenco:
Will Smith
Alec Baldwin
Albert Brooks
Gugu Mbatha-Raw
David Morse
Arliss Howard
Mike O’Malley
Eddie Marsan
Hill Harper
Adewale Akinnuoye-Agbaje
Stephen Moyer
Richard T. Jones
Paul Reiser
Luke Wilson
Sara Lindsey

Direção:
Peter Landesman

Produção:
Elizabeth Cantillon
Giannina Facio-Scott
Ridley Scott
Larry Shuman
David Wolthoff

Fotografia:
Salvatore Totino

Trilha Sonora:
James Newton Howard

Avaliações dos usuários

Não há avaliações ainda. Seja o primeiro a escrever uma.

Avalie o filme

Share on whatsapp
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on email
Share on telegram