O diretor provavelmente estava escutando Lucy in the sky (título original do filme) dos Beatles e altamente chapado quando fez esse filme.
Brincadeiras a parte, a produção fala de Lucy (Natalie Portman de “Vox Lux”), astronauta que acaba de chegar de sua primeira missão, na década de 90. Totalmente extasiada com a experiência, ela sonha em voltar ao espaço e começa a se transformar em uma pessoa instável e a perder o contato com a realidade, o que vai atingir sua família e amigos, e pode por em risco suas chances de uma nova missão.
O melhor da história é a jornada emocional que Natalie Portman desenha em sua protagonista: com um delicioso sotaque sulista americano, sua personagem gradativamente vai ficando mais arrogante, confiada e seu caráter começa a ter uma rachadura pelos constantes erros de julgamento. Inclusive, o roteiro marca pontos em descrever essa mulher com tantas falhas de caráter sem necessariamente ter uma justificativa.
Por outro lado, a abordagem do diretor Noah Hawley deixa a desejar. Ele quis tentar oferecer uma perspectiva para o público da maneira em que a protagonista vê tudo a sua volta e daí, ele mistura tempo, espaço, lembranças, desejos e até espaço de cena onde em alguns momentos deixa apenas um pedaço da tela, como se fosse algo que enclausurasse Lucy. Se no início, o artifício parece funcionar, a constante repetição torna a narrativa morosa e confusa. Não tão confusa a ponto do espectador não entender o que se passa, mas sim dele ficar cansado em quer que olhar para tantos cantos e ficar a todo momento tendo que se situar. Em resumo, a intenção foi boa, mas o tiro saiu pela culatra.
Há uma série de conflitos emocionais importantes como a relação de Lucy com sua avó e sua sobrinha, seu casamento, seu amante e, claro, sua obsessão por uma nova missão e, tudo isso já seria suficiente para que uma narrativa mais pé no chão desse conta do recado. Até porque o elenco trabalhou direitinho e está sempre alinhado sem elos fracos.
Pena que o desfecho tenta ser cerebral e subjetivo, mas não mostra nem esclarece absolutamente nada.
Baseado em uma história real, “Uma Lágrima na Imensidão” vale por Natalie Portman carregando tudo nas costas, inclusive as falhas de direção com sua abordagem lunática (sem trocadilhos), então o jeito é focar na protagonista e engolir a metamorfose ambulante que o diretor desenha.
Curiosidades:
– Quando Lucy joga boliche, sua bola é verde e azul como a Terra.
– Há uma cena que toca Lucy In The Sky With Diamonds (parte dela é o título do filme) dos Beatles.
SPOILER – SÓ LEIA APÓS VER O FILME!!!
– A história na qual o filme foi baseado é simplesmente da prisão da astronauta Lisa Nowak após uma tentativa de sequestro da namorada de seu amante, que também era astronauta. Tudo o que aconteceu antes disso foi parte do roteiro e não necessariamente expressa a realidade. Inclusive o filme foi criticado por astronautas que sinalizam que os acontecimentos não tiveram relação com a viagem espacial e que ninguém perde a cabeça por passar algum tempo no espaço.
Ficha Técnica
Elenco:
Natalie Portman
Jon Hamm
Zazie Beetz
Dan Stevens
Pearl Amanda Dickson
Ellen Burstyn
Colman Domingo
Jeremiah Birkett
Jeffrey Donovan
Tig Notaro
Stella Edwards
Arlo Mertz
Tobias Schönleitner
Diana DeLaCruz
Cali DiCapo
Nick Offerman
Joe Williamson
Arnell Powell
Direção:
Noah Hawley
Produção:
John Cameron
Noah Hawley
Bruna Papandrea
Reese Witherspoon
Fotografia:
Polly Morgan
Trilha Sonora:
Jeff Russo
