No mês de novembro assistimos a três filmes importantes que falam sobre diversidade: “Eternos” da Marvel, “Tio Frank” e agora essa produção dirigida por Joel Edgerton (“O Rei”) que acumula os créditos também de ator, produtor e roteirista, e fala sobre instituições chamadas de “conversão gay” para jovens homossexuais que tanto prejudicou os EUA, baseado numa história real.
Antes de começar também há outro filme sobre conversão gay que já vimos chamado “O Mau Exemplo de Cameron Post”.
Lucas Hedges de “O Retorno de Ben” tem feito escolhas bastante relevantes em sua carreira, mas aqui ele interpreta seu melhor papel, como o jovem Jarred, filho de uma família religiosa que tinha dúvidas sobre sua sexualidade, a qual ele mesmo não aceitava. Depois de um episódio que chegou a sua família, decidem “interná-lo” numa casa de conversão gay, comandada pelo personagem de Edgerton, onde se praticava todo tipo de humilhação para que esses jovens “voltassem” ao seu gênero biológico.
A história se divide em duas: uma é a jornada pessoal de autodescoberta que ele faz antes de ir para a instituição e a outra é seu arco de história dentro da casa para jovens e como isso afetou a vida de quem lá estava. Ambas as tramas são muito relevantes, pois dentro da casa, ao lembrar de seu passado e fazer o que eles chamam de inventário moral, o espectador vai descobrindo justamente o que houve em seu passado para que Jarred fosse da dúvida à certeza sobre quem ele realmente é e quem ele quer ser.
A relação com os pais também é bastante aprofundada e tem Nicole Kidman (“O Pintassilgo”) e Russel Crowe (“Pais e Filhas”, surpreendentemente acima do peso) como excelentes coadjuvantes, os quais dividem cenas emocionantes com Lucas Hedges.
As fotos durante os créditos finais da verdadeira família que passou por toda a superação de suas próprias crenças para aceitar aquilo que seria natural, não só é edificante como coroa toda uma narrativa ao mesmo tempo pesada e carismática sobre superação e também de denúncia a essas instituições com falsas promessas de consertar pessoas perfeitamente saudáveis e que acabaram tendo terríveis traumas psicológicos, por conta disso.
“Uma Verdade Anulada” é equilibrado o tempo todo por uma direção impecável e ótimas atuações.
Curiosidades:
– Quando o artigo na revista Times foi lançado pelo autor da história, em 2016, apenas alguns Estados americanos tinham banido essas instituições de conversão gay: Vermont, California, New Jersey, Illinois, e Oregon, junto com Washington, D.C.
– O cantor e Youtuber Troye Sivan atua como um dos jovens da instituição também é gay e contribuiu com duas músicas para a trilha sonora do filme
– Garrard Conley, o autor do livro que conta sobre essa parte de sua vida, faz uma participação como um dos membros da instituição logo no primeiro dia de Jarred dando entrada.
Ficha Técnica
Elenco:
Lucas Hedges
Nicole Kidman
Russell Crowe
Joel Edgerton
Xavier Dolan
Troye Sivan
Flea
Madelyn Cline
Victor McCay
David Joseph Craig
Emily Hinkler
Devin Michael
Matt Burke
Lindsey Moser
Jesse LaTourette
Britton Sear
David Ditmore
William Ngo
Tim Ware
Randy Havens
Joe Alwyn
Direção:
Joel Edgerton
Produção:
Joel Edgerton
Steve Golin
Kerry Kohansky-Roberts
Fotografia:
Eduard Grau
Trilha Sonora:
Danny Bensi
Saunder Jurriaans
