Até quando vão fazer adaptações de games com roteiros para débeis mentais? Se substituíssem o Mark Wahlberg pelo Nicolas Cage, passaria fácil por um exemplar fraco daquela franquia “A Lenda do Tesouro Perdido” de 2004, que nada mais é que uma pretensa e frustrada tentativa de um novo “Indiana Jones”, o qual, inclusive, é citado em “Uncharted”.
Vamos ao que interessa: o malandro Victor (Wahlberg de “Infinite”) se junta ao gente boa e larápio Nathan (o “Miranha” Tom Holland) para achar um tesouro espanhol antes do vilão Moncada (Antonio Banderas de “Dupla Explosiva 2”).
Tudo que o diretor Ruben Fleischer de “Zumbilândia” faz aqui é genérico, desde os heróis, aos vilões e vilãs, passando pelos diálogos, pelas piadinhas e até mesmo aquele desfecho de “mas no final não era o tesouro que interessa”.
Só que o maior problema são os surtos que o roteiro cria e que insultam a inteligência do espectador. Primeiro que há uma obsessão com o físico de Tom Holland, com direito a uma cena desnecessária dele malhando para… apenas mostrar ele malhando. Fora o fato de que tanto Victor quanto Nathan que, aparentemente vivem de roubos e furtos, tem uma vida de milionário, ou seja, não precisariam nunca de um tesouro. Mas coerência nunca foi o alvo dessa produção.
Há uma cena em que, para provocar uma tensão sexual entre Nathan e a misteriosa Chloe (a inexpressiva Sophia Ali de “Verdade ou Desafio”), os dois personagens entram numa boite e tentam fugir dos bandidos… dançando juntos. A cena é tão constrangedora que dura apenas alguns segundos e, logicamente, os bandidos que não são retardados, acham os dois na hora.
Finalmente para quem viu o trailer, já sabe que no final tem dois navios dentro de uma gruta e um dos personagens pergunta “como vão tirar os navios de lá”. Mas ninguém pergunta como colocaram os navios lá em primeiro lugar, o que é o mínimo de bom senso que a história deveria ter. A soma desses e de outros arroubos de despreocupação com o público, dá numa história que não só é muito mal contada, como também em muitas vezes se contradiz (vide cena pós créditos – tem duas).
O que salva o filme do desastre total é o carisma de Holland e Wahlberg (pois o casting feminino está péssimo) e algumas cenas de ação bem feitas, mesmo que tão absurdas quanto a que presenciamos na franquia “Velozes e Furiosos”.
“Uncharted” se junta às lamentáveis adaptações de games que a indústria ainda não descobriu a chave de se poder fazer algo que seja inteligente, dinâmico e que tenha aderência com a linguagem do cinema.
Ficha Técnica
Elenco:
Tom Holland
Mark Wahlberg
Antonio Banderas
Sophia Ali
Tati Gabrielle
Steven Waddington
Pingi Moli
Tiernan Jones
Rudy Pankow
Jesús Evita
Georgia Goodman
Diarmaid Murtagh
Joseph Balderrama
Serena Posadino
Alana Boden
Direção:
Ruben Fleischer
Produção:
Ari Arad
Avi Arad
Charles Roven
Fotografia:
Chung-hoon Chung
Trilha Sonora:
Ramin Djawadi
