Entrevista com Lilia Cabral!!!

Lilia Cabral, protagonista do novo filme nacional Divã de José Alvarenga Jr, concedeu entrevista para a Rede Brazucah e Cinecríticas!

Qual foi o impacto que o livro da Martha Medeiros teve sobre você?
As imagens do Divã eram muito fortes. O que a Martha dizia era muito cinematográfico e teatral também. E o livro tinha a forma cotidiana de falar, uma forma natural de dizer as coisas que eram universais, que não eram datadas. Quando lia alguma coisa, volta e meia eu pensava: essa é uma situação que pode acontecer daqui a dez anos! Acho que a Mercedes diz muitas coisas que as mulheres gostariam de ouvir. Ela tem um frescor muito grande – e foi esse frescor que me despertou para seguir em frente. Assim, quando acabei o livro eu estava decidida mesmo a fazer a peça.

E como foi que o José Alvarenga Jr chegou com a proposta do filme?
Eu já tinha feito algumas participações em Os Normais e A Diarista (minisséries que ele dirigiu) e a gente sempre se perguntava: quando é que a gente vai trabalhar junto de verdade? Eu já tinha falado como ele de um projeto que eu tinha vontade de fazer e aí ele foi assistir ao Divã. Logo depois, ele me perguntou se eu tinha vontade de transformar a peça em filme – e disse que já tinha pessoas que podiam ser acionadas. Por uma feliz coincidência, era o pessoal da Total Entertainment, que já tinha visto a peça também. E o Bruno Wainer também tinha ido à peça na mesma semana que o Alvarenga. Então, quando a gente começou a conversar, todo mundo já estava inserido naquela história.

Como foram as filmagens?
Foi tudo muito rápido – quatro semanas em que todo dia era cumprido o cronograma. O Alvarenga sabe comandar uma equipe, ali ninguém perdeu tempo. As cenas do consultório a gente fez num dia só. Comecei oito da manhã e acabei às oito da noite. Depois, na montagem, é que você vai vendo as evoluções sutis do personagem. Foi um dia cansativo de trabalho. Mas se parar para pensar, foi tão gostoso!

E protagonizar pela primeira vez um longa-metragem, que tal?
Ah, Deus me livre! (risos). Quando você está fazendo, tudo é festa. Até então, você não sabe que é protagonista e não está nem aí. Mas quando acaba isso e você vai ver o primeiro copião… aí é que percebe que vai tudo começar! Agora é que eu vou começar a ter a sensação do que é ser protagonista. Eu sei que eu estou lá, dando a minha cara a tapa, com as pessoas todas me vendo, mas eu prefiro pensar que estou lá contando uma história em que eu sempre acreditei, e que tem um monte de gente junto contando também.

Como você vê a Mercedes?
A Mercedes era uma mulher que pensava que estava vivendo – tinha vinte anos de casada, era professora, gostava de pintar, o marido era advogado… Mas a partir do momento em que ela começou a falar, ela foi se conhecendo. E com isso ela viu que não estava vivendo. Ou melhor: ela estava vivendo, mas ela não era feliz. E o fato de você buscar uma felicidade não significa que você vai de encontro à felicidade. Ela acredita que a vida está começando – e que não tem regras, não tem pesos e medidas. Que o mais importante é viver. Essa é uma história simples, essa é uma história humana, conhecida de todos. Mas ela não é antiga, não é retrógrada, ela tem um frescor. Fizemos o filme com o coração.

Qual o lugar da Mercedes no seu vasto rol de personagens?
Eu acho que ela é um divisor de águas na minha vida. Porque eu sempre gostei muito de fazer mulheres que falam sobre relacionamentos. Acho que ela completou um ciclo relativo à minha vontade de mostrar um crescimento. Parece que a Mercedes é o amadurecimento de todos os outros personagens que eu interpretei – uns caricatos, outros não. Hoje, ela é uma das primeiras do meu ranking.

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